30 Apr
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Carta de Páscoa de 2.400 anos mostra evolução do ritual judaico

Uma carta de um alto funcionário em Jerusalém à guarnição judaica de Elephantina no século V a.C O Egito é o mais antigo relato ex-bíblico conhecido do ritual de Pessach

Em 419 a.C, quando a terra do Egito antigo gemeu sob a bota persa, uma comunidade judaica judaica que vivia em uma ilha no meio do rio Nilo celebrou a Páscoa. E em sua solidão distante

Um novo estudo sobre um documento importante da história judaica revelou a evolução do ritual da Páscoa na antiguidade. Trata-se de uma carta escrita em Jerusalém, por um funcionário chamado Hananyah, e direcionada aos judeus da ilha de Elefantina, extremo sul do Egito, quando o império caía na dominação persa. Este é o relato mais antigo do ritual, e foi encontrado há um século em meio a um arquivo fragmentário na ilha do Nilo.

De acordo com a leitura do documento de 2.400 anos, o rito da Pessach (Páscoa) não era formalizado no período, mas atuavam como referências de formas litúrgicas: “Conte 14 [dias em Nisan] e no [crepúsculo?] No dia 14 [do crepúsculo observe Pessach? Do 15º ao 21º dia de [Nisan] observe a festa dos pães ázimos, coma pães ázimos por sete dias. Não trabalhe nos dias 15 e 21 do Nisan... Não beba... E tudo o que é fermento entra nos seus quartos e fecha-se entre esses dias.”

Haggai Misgav, da Universidade Hebraica de Jerusalém, defende que esses são indícios de que os judeus de Elefantina deviam se dedicar exclusivamente a Deus, sacrificando seus cotidianos a Yahweh, pois os ritos de Páscoa eram exclusivos a Jerusalém e aos templos, não sendo realizados em casa desde as reformas de Josias.
No entanto, é evidente que a capital não era o único local com templos judaicos, principalmente após a invasão babilônica e a destruição do Primeiro Templo (Elefantina tinha, por exemplo, mais de um).
Com isso, considera-se que os judeus chegaram à Elefantina antes da noção de centralização do culto judaico por Josias. "É bem possível que eles tivessem uma tradição sob a qual os templos pudessem ser construídos fora de Jerusalém", afirma Aren Maeir, da Universidade de Bar-Ilan ao Hareetz. “Eles tinham costumes diferentes”. Para ele, os documentos da ilha mostram formas alternativas de abordar o campo ritualístico entre os judeus.

Para tanto, é necessário pensar que a Carta de Elefantina não foi solicitada pelos habitantes de lá - indicaria que o ritual não teria sido realizado ainda na época. Ao contrário, ela teria sido enviada espontaneamente, considerando que o templo judaico local teria sido destruído pelos egípcios, e só seria reconstruído anos depois.
Por fim, resume-se a evolução do ritual da Pascoa com a frase de Maeir: "Acho que houve outros tipos de judaísmo durante o período persa". Ou seja, antes do cânone, a liturgia não era o centro do desenvolvimento dessa forma de expressão da fé.

Carta de Elefantina - Museu Egípcio de Berlim 

Pão ázimo não leva fermento e faz referência ao Êxodo 

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